Morador mostra o quanto igarapé subiu nos últimos dias (Foto: Pedro Bentes/RONDONIAGORA) |
Com os atuais 12,91
metros, alcançados nesta quarta-feira (3), o nível do Rio Madeira já é maior do
que o registrado em janeiro de 2014, início da cheia histórica, quando a cota
registrada foi de 12,65 metros. A informação é da Defesa Civil de Porto Velho
que esclarece que as chuvas intensas na cabeceira do Rio Beni, na Bolívia,
continuam contribuindo para o aumento do nível em Porto Velho, que em menos de
30 dias, subiu mais de três metros.
Conforme a Defesa Civil
Municipal, no início da segunda quinzena de dezembro o Madeira estava com a
cota de 9,37 metros e nesta quinta-feira (4) registra 12,69 metros. No mesmo
período do ano passado, em janeiro de 2017, o nível do rio era 9 metros.
Com os números indicando
uma possível cheia, a Defesa Civil já começa a colocar em prática o plano de
contingência, que antecipa e trabalha a parte preventiva, mapeando e
selecionando as primeiras famílias a serem removidas no caso de uma nova
enchente. “Essa medida é essencial caso o rio atinja os 14 metros, cota de alerta
estipulada pela Defesa Civil para a retirada de famílias em tempo hábil, antes
da chegada das águas. Com esse nível já é possível haver inundação de
residências em áreas de risco”, esclarece Marcelo Santos, coordenador da Defesa
Civil Municipal (DCM).
Uma parte da ação do
plano de contingência foi realizada na tarde desta quarta-feira (3), em
comunidades do Bairro da Balsa, em Porto Velho, onde muitas famílias já estão
apreensivas com o aumento no nível de canais que cortam as comunidades.
“Depois de dois dias de
chuva, vimos que o canal aqui aumentou muito rápido. Antes do Natal, algumas
crianças aqui da comunidade chegaram a jogar futebol em um campo que tinha
aqui, agora a água alcançou até o alto da trave. Se tiver uma outra cheia, a
maior parte da comunidade não tem para onde ir, pois a maioria não foi
indenizada pelo Dnit na cheia histórica”, afirma o vigilante Raimundo Sousa, de
50 anos.
Além do Bairro Balsa,
outros como o Nacional, São Sebastião e Triângulo também são monitorados. Mais
de 800 famílias vivem nessas áreas de risco e podem ser afetadas pela enchente,
informa a DCM.
Marcelo Santos, coordenador da Defesa Civil de Porto Velho, explica que o órgão está monitorando áreas de risco (Foto: Francisco Abreu/RONDONIAGORA) |
Canais e igarapés
Segundo a Defesa Civil,
as chuvas intensas que ocorrem na cidade, junto a cheia do rio, são as causas
do aumento no nível dos canais, regiões que o Ministério da Integração define
como manchas de inundações. Com esse aumento é comum também a chegada de
visitantes indesejados que tem tirado o sono de comunidades a margem desses
canais. Moradores do bairro da Balsa afirmam que cobras aparecem com frequência
no Canal dos Milagres, que passa ao fundo de muitas casas. Segundo eles, esses
bichos já são esperados nessa época do ano.
Com a possibilidade de
uma nova cheia do rio Madeira e, consequentemente dos canais, alguns moradores
do Bairro da Balsa afirmam que não têm para onde ir. É o caso de Nazareno
Paulino da Silva, de 38 anos, que está desempregado. “Se houver uma nova
enchente eu, particularmente, não tenho para onde ir com meus dois filhos. Fiz
meu cadastro para receber um apartamento no condomínio Porto Madeira I, mas já
estou há três anos esperando por isso. Na cheia histórica ficamos em um abrigo.
Todo início de ano enfrentamos essa novela do Madeira. Ainda não nos informaram
sobre o que farão com a gente, caso ocorra uma nova cheia. Quem tem lugar ou
parentes na cidade vai, mas quem não tem ainda não sabe qual o seu destino”,
lamenta Nazareno.
No entanto, a Defesa
Civil alerta que alguns moradores que se encontram nessas áreas de risco já
foram beneficiados por casas e apartamentos de programas sociais e outros que
ainda aguardam a entrega das chaves. “Há vários tipos de famílias em situações diferentes.
Caso ainda seja registrado um aumento do rio, as famílias que não tenham onde
ficar serão encaminhadas para um abrigo único, que está dentro do plano de
contingência da Defesa Civil. Essa semana iremos finalizar um levantamento do
número de famílias que irão precisar da ajuda da Defesa Civil, caso ocorra uma
enchente, além da realização de uma triagem para que possamos ver a quem iremos
disponibilizar um apoio logístico para os moradores que já tenham um lugar
seguro para ir”, afirma Marcelo Santos, coordenador da Defesa Civil.
Baixo Madeira
O aumento do Rio Madeira
e o período de chuvas ainda causam um fenômeno bem conhecido pelos moradores do
Baixo e Médio Madeira: “terras caídas”, que é um deslizamento de terra,
provocado pela força da água que desestabiliza a parte superior dos barrancos.
Nesse ponto, a Defesa
Civil monitora e alerta a população dessas regiões, sinalizando pontos
suscetíveis a desbarrancamentos e recomendando descidas e atracagens mais
seguras para embarcações.
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